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Trabalho intermitente pagou em média menos de um salário mínimo em 2018, mostra Dieese

Trabalho intermitente pagou em média menos de um salário mínimo em 2018, mostra Dieese

Estudo mostra ainda que 40% dos vínculos que estavam ativos em dezembro de 2018 não registraram nenhuma atividade no mês.

Levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que em 43% dos vínculos intermitentes a remuneração foi inferior a um salário mínimo em dezembro de 2018. Além disso, entre os vínculos em 2018, 11% não tiveram renda. Ou seja, um em cada 10 contratos intermitentes não geraram renda para o trabalhador. Nessa modalidade, o empregado ganha por hora trabalhada e não há garantia de jornada ou remuneração mínima por mês. Veja os principais resultados da pesquisa abaixo:

  • 11% dos vínculos intermitentes não geraram atividade ou renda em 2018
  • 40% dos vínculos que estavam ativos em dezembro de 2018 não registraram nenhuma atividade no mês
  • Remuneração foi inferior a um salário mínimo em 43% dos vínculos intermitentes que registraram trabalho em dezembro
  • Remuneração mensal média dos vínculos intermitentes foi de R$ 763 em dezembro
  • Número de contratos intermitentes representou 0,13% do estoque de empregos formais, em 2018
  • Vínculos de trabalho intermitente ativos no final de 2018 tinham, em média, duração de cerca de 5 meses, divididos em 2 meses de espera e 3 meses de trabalho efetivo.

A pesquisa se refere a vínculos intermitentes admitidos em 2018 e ativos até 31 de dezembro daquele ano.

O trabalho intermitente foi criado pela reforma trabalhista em vigor desde novembro de 2017 com a promessa do governo na época de gerar 2 milhões de empregos em 3 anos, ou 55 mil vagas por mês. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados nesta sexta-feira (24) revelam que das 644 mil vagas de emprego criadas em 2019, 106 mil (16,5%) foram na modalidade de trabalho intermitente. Veja a progressão da criação de vagas desde a nova lei trabalhista no gráfico abaixo:Número de criação de vagas intermitentes e de vagas totais no país — Foto: Economia G1

Número de criação de vagas intermitentes e de vagas totais no país — Foto: Economia G1

Na modalidade, o trabalhador fica à disposição para trabalhar, aguardando, sem remuneração, ser chamado pelo empregador. Enquanto o trabalhador não for convocado, ele não recebe. E, quando é chamado para executar algum serviço, a renda é proporcional às horas efetivamente trabalhadas.

Em 2018, o estudo do Dieese mostra que foram computados 87 mil contratos intermitentes, dos quais 62 mil duraram pelo menos até o final daquele ano, o que equivalia a apenas 0,13% do estoque de vínculos ativos.

"As informações relacionadas ao emprego de 2018 mostram que muitos dos contratos passaram boa parte do ano engavetados –quer dizer, geraram pouco ou nenhum trabalho e renda; e a renda gerada por esses contratos foi muito baixa", diz o estudo do Dieese.

Segundo o Dieese, o final do ano registrou volume maior de contratações intermitentes, provavelmente devido às vendas de natal e ano novo. Em novembro de 2018, houve pico de 11 mil contratações intermitentes. No entanto, 26% dos contratos celebrados de outubro a dezembro não resultaram em trabalho efetivo em dezembro. Considerando todos os vínculos intermitentes admitidos no ano e que ainda estavam ativos em dezembro, 40% não registraram nenhuma atividade no mês.

O comércio varejista teve o maior número de contratos parados em 2018 - foram 5.430 vínculos, que representaram 27% do total de vínculos intermitentes do setor.

Entre os técnicos de nível médio nas ciências administrativas, 39% dos vínculos intermitentes não resultaram em nenhum trabalho no ano (4.679 vínculos) –a maior incidência entre as ocupações.

Renda baixa

O levantamento mostra que, para cada três meses de trabalho, os contratos intermitentes ficaram dois meses na gaveta, ou seja, à espera de serviço. Ao final de 2018, a remuneração mensal média paga para cada vínculo intermitente foi de R$ 763, contando os meses a partir da admissão, trabalhados ou não. Esse valor equivalia a cerca de 80% do valor do salário mínimo daquele ano (R$ 954).

Embora o mesmo trabalhador possa acumular mais de um vínculo de trabalho intermitente, em novembro de 2019, a proporção de trabalhadores intermitentes com mais de uma admissão naquele mês foi de 0,3%, segundo o Caged. Ou seja, 54 trabalhadores tiveram mais de um vínculo entre o total de 17.686 admissões.

Além disso, dos vínculos intermitentes que registraram algum trabalho em 2018, praticamente a metade (49%) gerou remuneração mensal média inferior ao salário mínimo.

"Ao analisar os 62 mil vínculos intermitentes ativos em dezembro de 2018, nota-se que só 36 mil registraram alguma atividade nesse último mês do ano. Dos que trabalharam, 43% receberam renda inferior a um salário mínimo (R$ 954). E apenas 17% dos vínculos intermitentes geraram remunerações equivalentes a dois salários mínimos ou mais (R$ 1.908), naquele mês", finaliza o Dieese.Remuneração dos contratos intermitentes em 2018 — Foto: Reprodução/Dieese

Remuneração dos contratos intermitentes em 2018 — Foto: Reprodução/Dieese

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