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Juro retrai crédito de cartão e cheque

Juro retrai crédito de cartão e cheque

Taxas mais altas e medidas macroprudenciais brecaram essas modalidades, mas ritmo segue forte no empréstimo habitacional e do BNDES

Fonte: Estadão

 

As medidas prudenciais e a alta do juro conseguiram reduzir a expansão do crédito. A desaceleração ocorreu basicamente nas operações que os bancos podem fazer livremente, em especial as modalidades mais caras, como cheque especial e cartão de crédito. Nos empréstimos direcionados, como o habitacional e o do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), porém, o ritmo segue forte.

Enquanto as operações livres cresceram 0,7% em julho, os financiamentos com destinação específica avançaram 1,9%. O primeiro grupo tem vivenciado um processo de alta na taxa de juros, que em julho chegou, na média geral, a 39,7% ao ano. O crédito direcionado trabalha com taxas mais baixas e subsidiadas pelo governo. Exemplo claro do encarecimento do crédito livre é o cheque especial, cuja taxa de juro atingiu 188% ao ano, o nível mais alto em mais de 12 anos.

Alheio às medidas do governo para desacelerar o crédito, os empréstimos direcionados - normalmente operados por bancos públicos - seguem em firme expansão. Dados do Banco Central divulgados ontem mostram que o avanço de 1,9% dessas operações em julho foi o mais elevado de 2011, superior à média mensal de 1,2% de janeiro a junho. Em 12 meses, essas operações cresceram R$ 104,6 bilhões, o equivalente a uma alta de 23,6%.

O crédito para a compra da casa própria - segmento dominado pela Caixa Econômica Federal - liderou o movimento, com expansão de 3,5% apenas em julho. Atualmente, o estoque de dívida imobiliária é de R$ 173,3 bilhões. Outro destaque é o BNDES, cujos créditos em julho avançaram 1,7%.

"Os dados mostram uma aposta do governo para reduzir os efeitos da crise", afirma o professor de finanças do Insper, Ricardo José de Almeida. "De um lado, bancos públicos aceleram o crédito para empresas para tentar afastar problemas como demissões. Por outro, o imobiliário não pode parar agora porque construtoras estão entregando imóveis que foram vendidos há dois anos, durante boom do mercado nas grandes cidades."

Para Almeida, o reforço do crédito direcionado "parece interessante" enquanto se espera definição da crise internacional. Ao mesmo tempo, apoia a redução de ritmo nas operações voltadas ao consumo. Ele acredita que a inflação mais elevada dos últimos meses exige uma ação coordenada para conter a demanda.

O chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, destacou que o crédito segue crescendo, mas com ritmo mais moderado. "A moderação vem em linha com a expectativa do BC após as medidas prudenciais e a mudança na política de juros." O economista Adriano Lopes, do Banco Itaú, ressalta em relatório para clientes que, com a desaceleração recente, "o patamar das concessões de crédito à pessoa física finalmente aproximou-se do nível de novembro de 2010, mês imediatamente anterior à primeira rodada de medidas macroprudenciais".

Cheque especial. Além de emprestar menos, bancos estão cobrando mais. O encarecimento ocorreu sobretudo no cheque especial. O preço do dinheiro pré-aprovado aumentou 3,3 pontos em 30 dias e atingiu a taxa mais elevada desde abril de 1999. Isso quer dizer que, se um cliente estiver com a conta negativa em R$ 1.000 hoje e permanecer no vermelho por 365 dias, vai dever R$ 2.880.

"Esse juro tem mostrado esse comportamento de alta há alguns meses e reflete o perfil do cliente. O cheque especial é uma operação que oferece taxas diferenciadas conforme o tomador", explicou Maciel, ao citar a entrada de novos clientes com um perfil de risco mais elevado no sistema.

Movimento idêntico foi visto no segmento empresarial. O cheque especial das empresas, chamado de conta garantida, saltou 5,5 pontos em apenas um mês até os 111,7% anuais, o mais alto nível em mais de 15 anos, desde março de 1996.

 

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