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Profissionais 50+: a valiosa experiência para o mercado de trabalho

Profissionais 50+: a valiosa experiência para o mercado de trabalho

De acordo com um levantamento da consultoria global Great Place to Work, menos de 5% dos brasileiros com mais de 50 anos estão empregados nas organizações.

Por José Ricardo Amaro, Diretor de Recursos Humanos da Ticket

De acordo com um levantamento da consultoria global Great Place to Work, menos de 5% dos brasileiros com mais de 50 anos estão empregados nas organizações. E segundo uma pesquisa feita pela plataforma Maturi Jobs, que ouviu 1.317 pessoas com mais de 50 anos no Estado de São Paulo, mais da metade deles perdeu o trabalho durante a pandemia.

O cenário para o público 50+ no mercado de trabalho não é animador, mas muitas companhias estão se dando conta da importância da diversidade, e isso inclui a convivência entre as diferentes gerações, dos Baby Boomers à geração Z. A complementariedade proporcionada pela junção de profissionais de diferentes idades só traz benefícios para qualquer negócio.

Se até pouco tempo profissionais com 50 anos ou mais tinham suas habilidades e competências questionadas no mercado de trabalho, hoje conseguimos observar uma mudança nessa percepção – ainda que a passos lentos – por parte dos comandantes e líderes de muitas empresas, que estão passando a valorizar a experiência desse público, incluindo-os em processos seletivos e escolhendo-os inclusive para posições chaves, e até promovendo grupos de afinidade e eventos dedicados a abordar a questão geracional. Existem, hoje, vários grupos de trabalho formados para impulsionar esse movimento.

A ideia de que pessoas 50+ possuem dificuldades para acompanhar o avanço da tecnologia e a transformação digital, e que, consequentemente, tendem a não se habituar com processos mais modernos de trabalho sempre foi muito difundida, mas aos poucos isso vem se comprovando ser mais um viés da sociedade, um rótulo e uma impressão distorcida, já que o interesse e a capacidade de acompanhar a transformação digital, depende da disposição de reaprender e de quebrar paradigmas, independentemente da idade de cada indivíduo. É claro que essa facilidade é mais evidente nas novas gerações, os chamados nativos digitais, mas não se pode generalizar. Há profissionais acima dos 50 anos com muita versatilidade, interesse e motivação para acompanhar a evolução e as tendências do mercado.

Além da capacidade de se adaptar a um ambiente mais conectado, os profissionais mais experientes possuem também outros ativos relevantes para as empresas. Se por um lado a geração Z tende a demonstrar mais familiaridade com a tecnologia, com a inovação e com as metodologias modernas e ágeis, muitas vezes essa população ainda não consegue demonstrar, de forma plena, algumas competências desejadas, que apenas são adquiridas ao longo da vida pessoal e profissional.

A capacidade de avaliar com mais profundidade as consequências das decisões, entender melhor a relação causa-efeito, ter histórico e repertório de lições aprendidas por meio de erros e acertos, são características mais destacadas em pessoas com mais bagagem de vida e “quilometragem”. Profissionais 50+, por questões óbvias, tiveram mais oportunidades de navegar no mundo corporativo, o que contribui para outras habilidades requeridas hoje em dia pelas empresas, tais como a capacidade de lidar melhor com a frustração, a sabedoria para administrar melhor os conflitos organizacionais, a resiliência e a inteligência política para construir alianças positivas.

É recomendável que em toda empresa haja um equilíbrio de gerações, pois os perfis se complementam. Não é porque a pessoa tem mais de 50 anos que ela está ultrapassada e que deva ser rotulada como “dinossauro”. É nosso dever e nosso desafio desconstruir esse paradigma de que os profissionais acima dos 50 anos não têm competitividade, empregabilidade e que não são mais capazes de gerar um grande valor para as organizações.

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